Arte Rupestre


     A Arte Rupestre é o registro físico do universo simbólico e ritualístico dos povos que ocuparam esta região há cerca de 10.500 a 9.000 AP, bem como, entendê-la enquanto trabalho, é fundamental para a compreensão dos elementos constituintes da formação identitária dos povos que aqui viveram, pois, através destas imagens podemos identificar as formas de conhecimento, de saberes e de tecnologias que nos apontam os períodos de adaptação humana no ambiente e suas distinções sociais e culturais. Os petroglifos e pictoglifos existentes nos sitos arqueológicos na região de Formosa são fundamentais nesse processo, porque representam idéias e valores daquelas sociedades, ocupando também, papel ritualístico.

    Caracterizam-se como Arte Rupestre as pinturas e gravuras feitas em suportes fixos de pedra (grutas, paredes de abrigos, matacões, etc.), tratando-se de obras imobiliares, diferentemente das mobiliares (estatuetas, instrumentos, pinturas e pele, etc.). Na arqueologia convencionou-se a divisão da Arte Rupestre em dois grupos: pictoglifos (pinturas) e petroglifos (gravuras). A Arte Rupestre encontrada no Município de Formosa, GO é representada tanto pelo pictoglifo quanto pelo petroglifo.
 
     Para o estudo da iconografia da Arte Rupestre, os arqueólogos, de forma geral, atuam em quatro linhas, sendo: a arqueometria (datação de grafismos, identificação de técnicas e análise de pigmentos, etc); a classificação comparativa dos conjuntos gráficos (cronológico ou espacialmente distribuído); desvelar algum significado explícito que os ícones tinham para seus autores (mensagens, suporte para ações, etc.); desvelar informações implícitas apresentadas iconograficamente (sobre a sociedade, a economia, a percepção do real, etc.).

     “Dentre essas pesquisas destacam-se as que levam a definir unidades descritivas (tradições, estilos, fácies ou variedades...) que permitam distinguir entre si grupos étnicos ou sociais”. (PROUS,1999:251).

      No Brasil, convencionou-se o ordenamento iconográfico em chaves de classificação chamadas de Tradição, onde as diferentes imagens são ordenadas respeitando semelhanças no estilo e na técnica usada. Desta forma, é possível inserir os elementos rupestres em um conjunto maior de dados, de forma nacional.

      Dentre as principais Tradições arqueológicas, estão: a Tradição Meridional; a Tradição Litorânea; a Tradição Geométrica; a Tradição Planalto; a Tradição Nordeste; a Tradição Agreste; a Tradição São Francisco; e a Tradição Amazônica. A identificação destas grandes unidades regionais é uma “aproximação, já que existe sempre certa variabilidade intra-regional, que pode demonstrar evoluções culturais no tempo, no espaço, ou funções distintas” (PROUS, 1992:511). No estado de Goiás, existem registros de mais de uma Tradição, misturando-se e superpondo-se, em função de ter sido aqui um território fronteiriço. Muitas são as discordâncias sobre as terminologias aplicadas às tradições, mas, quando se trata da Tradição Geométrica, essas discordâncias assumem um caráter ainda maior, pois, dada a sua característica “abstrata”, fica aberta a diversas interpretações e conceituações, como por exemplo, “o que para uns é 'tradição geométrica', para outros é 'esquemática' ou até 'astronômica', pelo fato de certos grafismos lembrarem o sol ou as estrelas” (MARTIN, 2013:233).